Encadernação do Compêndio
E, como não podia deixar de ser, o compêndio tinha de ser encadernado. Com a ajuda desta prensa, de uma agulha, linha, x-acto e cola branca, uni todos os cadernos do livro. Brevemente publicarei fotografias e um vídeo do compêndio finalizado.
Diluente celuloso vs Acetona pura
Para fazer a impressão do compêndio fiz vários estudos. Primeiro experimentei a terebentina que, estranhamente, não transferiu nada de um papel para o outro. Depois experimentei a acetona pura que resultou no que podemos ver nestas imagens, numa impressão de muito pouca qualidade. Por último tentei o diluente celuloso que resultou quase perfeitamente! Nestas fotografias podemos ver a comparação entre a impressão com diluente celuloso e a impressão com acetona pura.
Reformulação da Sinopse | A Laranja Mecânica
A arte consiste em fazer os outros sentir o que nós sentimos, em os
libertar deles mesmos, propondo-lhes a nossa personalidade para especial
libertação. _Fernando Pessoa
Ainda tenho um longo caminho a percorrer até conseguir
chegar a uma definição de arte ou de liberdade ou de liberdade artística. Por
esta razão, socorro-me daqueles que, após sucessivas reflexões chegaram às suas
conclusões sobre estes temas que, por sua vez, me ajudarão neste processo de descoberta.
É em “Desassossego” que Fernando Pessoa, poeta e pensador, expõe a sua
definição de arte, que pode ser um bom guião para a minha reflexão.
O que é que eu sinto? As palavras que vêm ao de cima na minha cabeça quando
leio a primeira parte da frase são: processo, evolução, descoberta.
Um caminho que no fim chegará a algo bom e que percorro ansiosamente e passa
tão rápido. É isso que eu sinto. E é isso que quero que os outros sintam
também.
Um corredor de 28 metros, 100 rectângulos pretos de 10 por 15cm, uma frase,
um morango e uma bicicleta.
O observador subirá para a bicicleta para ver a sequência de forma rápida,
tal como eu sinto que o tempo está a passar. E porque o tempo depende, de certa
forma, de nós, eu vou controlar o tempo que vão demorar a ver a experiência
cinética que proponho ao observador.
O primeiro rectângulo preto vai provocar perguntas em quem o vir – Porquê
um rectângulo preto? O que vem a seguir? – exactamente o mesmo que senti no
inicio do semestre e, por vezes, continuo a sentir. A bicicleta começa a andar,
movida pela pessoa - Mas vão ser sempre só rectângulos pretos? - e a pessoa
continuará para descobrir o que vem a seguir. Após uma
sequência de cerca de 75 rectângulos pretos, começa a surgir, por detrás do
rectângulo, ao longe, um ponto vermelho, muito pequeno – Finalmente alguma
coisa! – que aumentará até ao último rectângulo preto até ter a forma e tamanho
de um morango. Após o centésimo rectângulo haverá uma prateleira com um morango
verdadeiro e, por cima, a frase.
E porquê o morango? O morango é uma fruta que, apesar de se desenvolver
numa planta rasteira e de pequeno porte, torna-se num dos frutos mais doces e
saborosos do mundo.
Depois de todo o caminho percorrido com ânsia, grande
parte às escuras, sem saber o que vinha a seguir, começou a surgir algo e, no
fim, descobre-se que é algo bom, saboroso, viciante e que
se quer mais. E, o que antes era uma idealização ou resultado da imaginação,
finalmente torna-se real.
A arte consiste em fazer os outros sentir o que nós sentimos, em os
libertar deles mesmos, propondo-lhes a nossa personalidade para especial
libertação. _Fernando Pessoa
Invencível
Tal como “O Jogo de
Imitação”, este é outro filme que é protagonizado por um homem verdadeiramente
corajoso, não seria o nome do filme “Invensível”. Angelina Jolie, realizadora, apodera-se da incrível história do seu antigo vizinho para fazer um
filme.
De forma muito resumida,
trata-se da história real de um atleta olímpico, Louis Zamperini, que, enquanto
combate pelos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial, sofre um acidente de
avião e cai no mar com mais dois colegas, onde permanecem mais de 40 dias. Um
deles não resiste mas Zamperini e um dos seus colegas de guerra são resgatados
pelos inimigos, que os levam para uma ilha onde havia um campo de prisioneiros.
Esta é não só uma história de resistência mas também de sobrevivência. Como tradicionalmente se
diz, passamos o filme todo de “coração nas mãos” porque Louis está
constantemente a passar por situações que comprometem a sua vida e consegue
inacreditavelmente ultrapassar tudo. No naufrágio a jornada dele tinha
apenas começado - o pior veio depois, nos vários campos de prisioneiros, em que
viveu durante dois anos, torturado por japoneses.
O filme, para além de um
relato biográfico da vida deste homem, mostra também as condições em que
(sobre)viviam os homens nos campos, enfatizando que não era apenas um mas milhares,
sendo que muitos morreram devido a essas más condições ou executados.
Após
Hiroshima e Nagasaki, conseguiu libertar-se com o fim da guerra. Mas vem a
outra parte, que é referida no filme apenas através de texto - o alcoolismo, a raiva,
os traumas - no entanto, mais uma vez superou, apoiado na religião, e com 90
anos voltou a correr nos Jogos Olímpicos, tal como sempre sonhara.
Antes de ver este filme não conhecia este homem mas a partir do momento em que conheci a sua história, certamente não me esquecerei dele. Depois de ver o filme é inevitável fazer uma reflexão introspectiva de qual a nossa importância neste mundo e do valor que devemos dar à nossa vida, aos outros e ao que nos rodeia. Fiquei com muita vontade de ler o livro da sua biografia, escrita por Laura Hillebran. Zamperini morreu em 2014, aquando da realização do filme.
Antes de ver este filme não conhecia este homem mas a partir do momento em que conheci a sua história, certamente não me esquecerei dele. Depois de ver o filme é inevitável fazer uma reflexão introspectiva de qual a nossa importância neste mundo e do valor que devemos dar à nossa vida, aos outros e ao que nos rodeia. Fiquei com muita vontade de ler o livro da sua biografia, escrita por Laura Hillebran. Zamperini morreu em 2014, aquando da realização do filme.
As primeiras duas fotografias mostram o próprio Zamperini. As restantes são retiradas de cenas do filme.
O Jogo de Imitação
Ontem fui ao
cinema ver "O Jogo de Imitação", em inglês Imitation
Game, nomeado para oito óscares.
Alan Turing
lidera um grupo de intelectuais com o objectivo de conseguirem decifrar o indecifrável
código da Enigma, a máquina utilizada como meio de comunicação pelos alemães na
Segunda Guerra Mundial. O problema é que o código tem 159 milhões de
hipóteses diferentes todos os dias. Turing idealiza uma máquina, que, segundo ele conseguiria ler as mensagens dos alemães, que estudou rigorosamente, e começa a contrui-la praticamente sem apoio e com toda a gente a duvidar dele, até
mesmo os próprios colegas
Persistiu e após vários anos conseguiu decifrar o código. O grupo de matemáticos e cientistas conseguia saber o que os alemães comunicavam uns com os outros diariamente. E, como disse Turing, surgia agora a parte mais difícil: decidir quem morria e quem vivia. Eles tinham nas mãos deles a responsabilidade de controlar ou não alguns ataques - se controlassem muitos, os alemães perceberiam que eles tinham decifrado o código, por isso optaram por controlar apenas alguns. Até ao fim da guerra, conseguiram salvar 14 milhões de pessoas.
Persistiu e após vários anos conseguiu decifrar o código. O grupo de matemáticos e cientistas conseguia saber o que os alemães comunicavam uns com os outros diariamente. E, como disse Turing, surgia agora a parte mais difícil: decidir quem morria e quem vivia. Eles tinham nas mãos deles a responsabilidade de controlar ou não alguns ataques - se controlassem muitos, os alemães perceberiam que eles tinham decifrado o código, por isso optaram por controlar apenas alguns. Até ao fim da guerra, conseguiram salvar 14 milhões de pessoas.
Para além de
tudo isto, o filme relata, em paralelo, o conflito que Alan viveu dentro de si
desde jovem. Em 1952, as autoridades britânicas entram em casa deste herói de
guerra acusando-o de atentado ao pudor por ser homossexual, o que na época era
considerado um crime. Em vez de condenado a pena de prisão, obrigaram-no a
tomar estrogénios, hormonas femininas, que o afectaram física e
psicologicamente, levando-o a cometer o suicídio aos 41 anos. Quando as
autoridades o incriminaram, mal sabiam que estavam a acabar com a vida do
grande pioneiro da computação moderna.
É de destacar
a impressionante persistência de Alan e a sua inteligência que se reflectiu
numa enorme coragem. Desde muito novo ele era posto de parte pelos amigos à
excepção de um, Christopher, por quem ele tinha uma grande admiração e que veio
a morrer muito jovem. Mesmo sentindo-se sozinho, ele lutou pelo que acreditou,
sem medo, e enfrentou pessoas hierarquicamente muito acima dele por acreditar
que “às vezes são aqueles de quem ninguém espera nada que fazem as coisas menos
esperadas”. O filme toca também em temas como a violência, enquanto acto de
satisfação do qual posteriormente não se retira nada, e as relações entre os
Homens.
Revi-me
nalgumas das suas atitudes, principalmente no facto de se desafiar a ele
próprio constantemente e de tentar ser sempre melhor que ele mesmo. Este
filme é como uma bibliografia de um herói, um verdadeiro exemplo de Homem. Posso dizer que foi um dos melhores filmes que já vi.
Boyhood
O que me deu
vontade de ir ver este filme foi a forma como Richard Linklater pegou num grupo de actores para
filmar um só filme durante 12 anos. Os actores são sempre os mesmos ao longo
dos 12 anos de gravações e é interessante ver, principalmente no protagonista,
Mason, o seu crescimento, não só enquanto personagem mas também na sua vida
real. Começa com 6 anos e vai até aos seus 18 anos, quando entra na faculdade.
O filme retrata as dificuldades que o jovem passou, ao adaptar-se ao divórcio
dos pais, mudanças de casa, escola, amigos e até mesmo de família.
O filme não tem propriamente momentos marcantes, com excepção
da separação da mãe de Mason do seu segundo marido por violência doméstica. É bastante
monótono e não há muitos momentos de verdadeira emoção, nem mesmo no fim. Por
isso, este é um filme para o qual é precisa alguma “paciência”, tendo em conta
que é um filme longo e calmo. Contudo, acho que essa foi uma intenção do
realizador. Linklater quer enfatizar o processo de crescimento e a evolução,
como acontece com um rapaz qualquer da nossa sociedade.
Tendo em conta que tenho a mesma idade que o protagonista,
identifiquei-me com alguns pormenores que foram aparecendo ao longo do filme, como
os jogos, por exemplo os Gameboy. Penso que este filme tem também, de certa forma, um carácter documental.
50 Regras de Ouro
Embora sejam "50 Regras de Ouro da Gestão", podem aplicar-se a muitas mais áreas, incluindo o design.
O Design Português já tem um site
Tudo o que merece relevância no universo do design nacional tem a partir de agora um espaço online organizado e atualizado: acabado de lançar, o website www.designportugues.pt ficará como uma das heranças do Ano do Design Português 2014/2015, iniciado em maio passado e a decorrer até final de setembro do próximo ano.
A criação de três prémios anuais (para design de Comunicação, de Produto e de Interiores), a edição de um livro com propostas de projetos para seis regiões do país e o lançamento do site figuram como as principais expressões deste Ano do Design, lançado pelo Ministério da Economia e pela Secretaria de Estado da Cultura com o intuito de “afirmar o design nacional como uma área-chave para o desenvolvimento de Portugal enquanto país inovador e contemporâneo”.
A iniciativa é comissariada por Guta Moura Guedes, que a destaca como “uma ocasião catalisadora de ações e projetos que ultrapassam o seu próprio período temporal”. Neste sentido, o novo site surge como “uma plataforma participativa que vai possibilitar um mapeamento do design português, dentro e fora do território nacional. Este mapeamento, que se pretende dinâmico na sua construção e integrador na sua amplitude, é um projeto em rede de promoção do design e dos designers portugueses e de construção de um arquivo e uma base de conhecimento catalisadora. Levará o seu tempo a estar terminado, e terá, dado o grande desenvolvimento da disciplina, de ser constantemente atualizado. Constitui-se, sem dúvida, como a primeira grande base de dados e grande montra do design nacional”.
Desenvolvido com base na imagem criada pelo designer gráfico Pedro Falcão para o Ano do Design Português, o novo site foi projetado e desenvolvido pela Escola Superior de Artes e Design de Matosinhos. Este espaço online, salienta a ESAD, “é desenhado para se constituir, progressivamente, como o primeiro grande arquivo online do design nacional, nas suas várias vertentes e categorias. É um site que se inicia assumidamente numa versão work-in-progress, que irá evoluindo quer com a apresentação e registo das várias iniciativas programáticas, quer com a recolha de informação através de um dinâmico sistema de comunicação com a comunidade do design nacional”.
“Todos os designers, todas as empresas, todas as instituições e demais protagonistas do campo do design” são convidados a enviar os seus dados “para a criação de um vasto diretório de design pensado e/ou produzido em português”, conforme se pode ler no site. Da nossa parte, fica aqui a divulgação e, para finalizar, o mail que aqui importa: info@designportugues.pt.
O que um fotógrafo não gosta de ouvir
Quem trabalha em áreas ligadas à criatividade leva com doses diárias disto: ele é "desenrasque-me aí um textinho", um "depois envie-me uma dessas 1500 fotografias que tirou para eu usar no meu site" ou então pedidos angelicais para uma simples "ajudinha" para criar um logotipo da nova empresa, "coisa rápida que não dê muito trabalho". Por aqui sabemos perfeitamente o que isso faz ao sistema nervoso — e sabemos também que nada melhor que uma dose de humor para lidar com a situação. Foi isso que a ZeroUno, em parceria com a Picame Magazine, fez: depois de uma série de sucesso apelidada de "O que não dizer a um designer gráfico", os criativos desenharam uma colecção especialmente dedicada aos fotógrafos. São as "15 frases mais irritantes que um fotógrafo pode ouvir", e não são só pontapés na profissão dados por clientes: há frases que poderiam chegar de amigos, parentes ou namorados/as. Quem tem mais para adicionar à lista?
in Público
Retrato do Artista quando Jovem | James Joyce
Este é um livro que relata a evolução da forma de pensar de um rapaz,
Stephen, começando na visão do mundo pelos seus olhos quando bebé – que se
percebe através das histórias contadas, das onomatopeias e dos ensinamentos que
lhe transmitiam –, até chegar a uma idade mais tenra. São retratados os
pensamentos que passam pela cabeça do rapaz nas diferentes idades: enquanto
criança, todos os porquês e a busca pela justificação e compreensão de tudo o
que o rodeia e, já mais velho, os conflitos com os seus familiares e até mesmo
o processo para se definir a nível religioso. A análise do ser humano, das suas
alegrias, tristezas e fraquezas e a procura por todas estas respostas é feita
quase obcessivamente. Quando regressa à escola, descobre-se como pecador,
recordando-se do seu passo religioso e desespera por não conseguir mudar isso. Há
medida que o tempo passa vai-se apercebendo que se tem de desprender dos
dogmas, da família e de tudo o que o agarra aos sentimentos de desespero, medo
e culpa. Desta forma, este jovem
percebe que há perguntas que não são de resposta fácil e que muitas vezes a solução
é descomplicar e ser livre para descobrir o mundo, mesmo que isso implique
cometer erros e ser pecador. Ele segue uma vida própria e vai descobrir, “fora
do lar e dos amigos, o que o coração é e o que ele sente”. É assim que se sente
o amadurecimento deste jovem.
Este livro leva-me a pensar que por vezes devo libertar-me mais enquanto artista e não me prender ao que sempre ouvi e ao que sempre me disseram. Devo desprender-me da sociedade e ter a minha própria liberdade criativa e as minhas próprias ideias, sem medo de que as pessoas não gostem ou de estar a cometer um erro. Pois é a errar que se aprende, e não a pensar constantemente numa pergunta que, se não foi posta em prática, nunca terá uma resposta.
Espectáculo de Luzes | O Fabuloso Desejo de Natal
Em Agosto de 2013 fui ver um espectáculo de luzes ao Terreiro do Paço sobre a História de Portugal e fiquei fascinada. Desde então, vi todos os espectáculos deste género que lá têm feito. Em Dezembro, não foi excepção. O tema era os sonhos e os desejos de Natal. Gostei, mas, até hoje, nenhum me surpreendeu mais do que o primeiro que vi! Talvez por nenhuma das histórias não ser tão boa quanto a História de Portugal ou talvez porque não havia ninguém a narrar a história, apenas músicas impactantes, que me fizeram estar ainda mais atenta... Apesar de tudo, acho muito interessante a forma como estudam o Terreiro do Paço para criar cerca de sete minutos em que as pessoas ficam completamente envolvidas e agarradas às imagens em movimento. Ficam algumas fotografias do espectáculo de Dezembro.
Fotografias por Sofia Pêga
50 anos da Inapa
Em Dezembro participei num concurso para a criação do logotipo de celebração dos 50 anos da Inapa. Para minha surpresa, soube ontem que fui a vencedora! Após ser selecionada como uma das quatro melhores participações, nas quais ficaram participações da Suiça, Portugal e França, obtive 40% das votações de 675 colaboradores espalhados pelo mundo. Sinto-me muito feliz e é, sem dúvida, um grande incentivo para continuar a evoluir enquanto designer. Acho que não posso ficar indiferente a estas oportunidades! A proposta de logotipo que fiz inicialmente pode ser vista [aqui].
Preparação | Semiótica da Impressão Artesanal
ACT #04: Semiótica do Design de Comunicação
O primeiro passo para se começar a desenvolver um projecto é organizar as ideias e estabelecer um plano de trabalhos. Por isso, até à gravação do vídeo realizámos quatro reuniões, cada uma com objectivos e datas já estipuladas. A esta fase inicial demos o nome de PREPARAÇÃO.
1ª reunião - 17 de Dezembro
Noção de semiótica
Definição de impressão artesanal
Planeamento das próximas reuniões
Distribuição de tarefas
2ª reunião - 3 de Janeiro
Apresentação e organização das pesquisas mais aprofundadas realizadas sobre o tema (nomeadamente sobre os tipos de impressão artesanal)
Brainstorming de ideias para o vídeo
3ª reunião - 5 de Janeiro
Criação da sinopse/conceito
Definição de quais os materiais necessários, do local e data da gravação
4ª reunião - 8 de Janeiro
Ajuste de pormenores
Após estas reuniões, chegámos às respostas das perguntas base para passarmos à segunda fase – a REALIZAÇÃO.
ONDE? Casa da Sofia, no terraço
QUANDO? Sábado, 10 de Janeiro de 2014
COM O QUÊ? Os materiais necessários são os seguintes:
- papel de cenário, que servirá de suporte para a impressão com os carimbos
- acrílico preto/tinta da china
- batatas
- máquina de escrever
- papel a4, que servirá de suporte para a impressão com máquina de escrever
- cola
- molas
- molas
- máquina para filmar
- roupa preta
PORQUÊ/COMO?
A semiótica revela a forma como um ou vários indivíduos dão significado a tudo que o os rodeia, fugindo a um significado concreto e objetivo das coisas. Portanto, após percebermos o conceito de “impressão artesanal” e as suas variantes, decidimos tentar chegar a uma conclusão que fosse comum aos cinco. Ao partilhar a pesquisa realizada e a nossa experiência no trabalho do compêndio, foi visível que havia um aspeto que todos referiram: era algo moroso e trabalhoso, sem deixar de ser interessante, mas que nem sempre tinha bons resultados. E foi nesse “esforço muitas vezes sem resultado” que nos baseámos para o nosso conceito do vídeo. Decidimos então expor o trabalho e a dedicação que a impressão artesanal implica.
Uma folha de papel de cenário, tinta, um carimbo também feito artesanalmente. Serão estes os três objectos de partida.
Ao carimbar uma superfície plana lisa, continuamente, ao longo do dia, demonstraremos quão moroso é o processo de impressão artesanal. O decorrer do dia será notável com a mudança de luz, visto que será tudo filmado num terraço.
Não só o carimbo será usado, como também a máquina de escrever. Temos de experimentar. Experimentar vários processos. Sujar as mãos, sujar a roupa, ficar a cheirar a tinta. Mas ter sempre muito cuidado. As impressões feitas usando máquina de escrever, serão recortadas e coladas também no papel de cenário.
Começa a ficar composto e duas palavras começam a surgir. Será que vai resultar? Será que vai ficar borrado ou ilegível?
Acabámos. Falta ver o resultado final. Afastamo-nos cada vez mais para ler as palavras que vão surgindo.
No fim, um twist de frustração.
Membros do grupo: Sofia Pêga, Joana Almeida, Joana Amoedo, Sara Jorge e Tiago Marinho.
Sinopse | A Laranja Mecânica
A arte consiste em fazer os outros
sentir o que nós sentimos, em os libertar deles mesmos, propondo-lhes a nossa
personalidade para especial libertação. _Fernando Pessoa
Ainda tenho um longo caminho
a
percorrer até conseguir chegar a uma definição de arte ou de liberdade ou de
liberdade artística. Por esta razão, socorro-me daqueles que, após sucessivas
reflexões chegaram às suas conclusões sobre estes temas que, por sua vez, me
ajudarão neste processo de descoberta.
É em
“Desassossego” que Fernando
Pessoa, poeta e pensador, expõe
a sua definição de arte, que pode ser um bom guião para a minha reflexão.
O que é que eu sinto? As palavras
que vêm ao de cima na minha cabeça quando leio a primeira parte da frase são: processo, evolução, descoberta. Um caminho que no fim chegará a
algo bom. É isso que eu sinto. E é isso que quero que os outros sintam também.
Um corredor extenso, cerca de 100
rectângulos pretos, uma frase, três palavras e um morango.
O primeiro rectângulo preto vai
provocar perguntas em quem o vir – Porquê um rectângulo preto? O que vem a
seguir? – exactamente o mesmo que senti no inicio do semestre e, por vezes,
continuo a sentir. Em baixo do primeiro rectângulo começa a surgir a frase: “A
arte…”. O segundo rectângulo surge e é preto também – Mas vão ser sempre só
rectângulos pretos? A arte consiste… – e a pessoa continuará a caminhar para descobrir o que vem a seguir e para ler o
resto da frase. Após uma sequência de cerca de 75 rectângulos pretos e quando a
frase já está quase completa, começa a surgir, por detrás do rectângulo, ao
longe, um ponto vermelho, muito pequeno – Finalmente alguma coisa! – que
aumentará até ao último rectângulo preto até ter a forma e tamanho de um
morango. Após o centésimo rectângulo haverá uma prateleira com um morango
verdadeiro e, por cima, três palavras: processo, evolução, descoberta.
E porquê o morango? O morango é uma
fruta que, apesar de se desenvolver numa planta rasteira e de pequeno porte,
torna-se num dos frutos mais doces e saborosos do mundo.
Depois de todo o caminho percorrido, grande parte às
escuras, sem saber o que vinha a seguir, começou a surgir algo e, no fim, descobre-se
que é
algo bom, saboroso, viciante
e que
se quer mais.
A arte consiste em fazer os outros
sentir o que nós sentimos, em os libertar deles mesmos, propondo-lhes a nossa
personalidade para especial libertação. _Fernando
Pessoa
Je Suis Charlie
É inevitável não falar do assunto
que mais se tem falado (e desenhado) nas últimas 24 horas. Enquanto estudante
de artes, futura designer, cidadã e humana que sou, vi-me obrigada a reflectir
sobre o que aconteceu. Neste momento estamos na Fase 3 do projecto “O Sabor da
Laranja”, na qual tenho de fazer uma introspecção e pensar no que para mim é a
liberdade artística. E este momento não se podia adequar mais a esta reflexão.
Ontem, dia 7 de Janeiro de 2014, houve
um atentado contra um jornal satírico em Paris – Charlie Hebdo –, do qual
resultaram 12 mortes. O motivo deste autêntico “massacre” – segundo os
terroristas, porque na realidade nada justifica o que aconteceu – foi uns
cartoons que, criticavam a forma como alguns homens, tão obcecados pela religião, cometem atrocidades. Ou seja, a crítica era mais propriamente direcionada a esses homens e não ao Deus em que acreditam. No entanto, esses homens não foram suficientemente Homens para entenderem isso e acharam inadmissível uma crítica ao Deus deles.
Estamos no século XXI e a
liberdade de expressão é um direito, apesar de não ser assim em todos os
países. França, tal como Portugal, é um país em que toda a gente pode expor a
sua opinião. Estes cartoonistas não fizeram mais nada senão isso e, por isso
mesmo, cartoonistas e artistas do mundo inteiro estão unidos nesta luta de
defesa da liberdade artística e de expressão, da autonomia de pensamento e
participação livre na sociedade.
É perturbante pensar que 12
pessoas morreram desta forma. Morreram em nome da Arte. Uma arte tão particular
que era a delas: criticar com humor, fazer as pessoas rir em relação a algo que
não tem graça. Parece que provocaram a própria morte… Mas não. Foram apenas
artistas. E um grupo de homens que acredita num suposto Deus mataram estes
artistas para defender uma suposta religião. E religião é matar? Desenhar é ser
morto? Há tantas perguntas que me passam pela cabeça neste momento que dentro
de mim a definição de liberdade ainda mais confusa se tornou. É por tudo isto
que manifesto a minha tristeza e indignação, por existirem pessoas tão desumanas. E condeno totalmente este sangrento acontecimento.
Sinto que sou livre de me
expressar – caso contrário não o estaria a fazer neste momento – e defendo que
toda a gente o é. Mostrar o que sentimos através de um desenho, uma fotografia,
um texto ou outra forma de arte e tocarmos os outros é algo que não só deve
como TEM de ser um direito para cada pessoa. Tenho muita pena que alguns
interpretem a Arte da pior forma possível, acabando com vidas da mesma forma que
um artista amachuca um papel para fazer um novo desenho.
Pelos artistas, Je suis Charlie.
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