Encadernação do Compêndio


E, como não podia deixar de ser, o compêndio tinha de ser encadernado. Com a ajuda desta prensa, de uma agulha, linha, x-acto e cola branca, uni todos os cadernos do livro. Brevemente publicarei fotografias e um vídeo do compêndio finalizado.

Diluente celuloso vs Acetona pura


Para fazer a impressão do compêndio fiz vários estudos. Primeiro experimentei a terebentina que, estranhamente, não transferiu nada de um papel para o outro. Depois experimentei a acetona pura que resultou no que podemos ver nestas imagens, numa impressão de muito pouca qualidade. Por último tentei o diluente celuloso que resultou quase perfeitamente! Nestas fotografias podemos ver a comparação entre a impressão com diluente celuloso e a impressão com acetona pura.


Reformulação da Sinopse | A Laranja Mecânica


A arte consiste em fazer os outros sentir o que nós sentimos, em os libertar deles mesmos, propondo-lhes a nossa personalidade para especial libertação. _Fernando Pessoa

Ainda tenho um longo caminho a percorrer até conseguir chegar a uma definição de arte ou de liberdade ou de liberdade artística. Por esta razão, socorro-me daqueles que, após sucessivas reflexões chegaram às suas conclusões sobre estes temas que, por sua vez, me ajudarão neste processo de descoberta.

É em “Desassossego” que Fernando Pessoa, poeta e pensador, expõe a sua definição de arte, que pode ser um bom guião para a minha reflexão.

O que é que eu sinto? As palavras que vêm ao de cima na minha cabeça quando leio a primeira parte da frase são: processoevoluçãodescoberta. Um caminho que no fim chegará a algo bom e que percorro ansiosamente e passa tão rápido. É isso que eu sinto. E é isso que quero que os outros sintam também.

Um corredor de 28 metros, 100 rectângulos pretos de 10 por 15cm, uma frase, um morango e uma bicicleta.

O observador subirá para a bicicleta para ver a sequência de forma rápida, tal como eu sinto que o tempo está a passar. E porque o tempo depende, de certa forma, de nós, eu vou controlar o tempo que vão demorar a ver a experiência cinética que proponho ao observador.

O primeiro rectângulo preto vai provocar perguntas em quem o vir – Porquê um rectângulo preto? O que vem a seguir? – exactamente o mesmo que senti no inicio do semestre e, por vezes, continuo a sentir. A bicicleta começa a andar, movida pela pessoa - Mas vão ser sempre só rectângulos pretos? - e a pessoa continuará para descobrir o que vem a seguir. Após uma sequência de cerca de 75 rectângulos pretos, começa a surgir, por detrás do rectângulo, ao longe, um ponto vermelho, muito pequeno – Finalmente alguma coisa! – que aumentará até ao último rectângulo preto até ter a forma e tamanho de um morango. Após o centésimo rectângulo haverá uma prateleira com um morango verdadeiro e, por cima, a frase.

E porquê o morango? O morango é uma fruta que, apesar de se desenvolver numa planta rasteira e de pequeno porte, torna-se num dos frutos mais doces e saborosos do mundo.

Depois de todo o caminho percorrido com ânsia, grande parte às escuras, sem saber o que vinha a seguir, começou a surgir algo e, no fim, descobre-se que é algo bom, saboroso, viciante e que se quer mais. E, o que antes era uma idealização ou resultado da imaginação, finalmente torna-se real.

A arte consiste em fazer os outros sentir o que nós sentimos, em os libertar deles mesmos, propondo-lhes a nossa personalidade para especial libertação. _Fernando Pessoa

Invencível


Tal como “O Jogo de Imitação”, este é outro filme que é protagonizado por um homem verdadeiramente corajoso, não seria o nome do filme “Invensível”. Angelina Jolie, realizadora, apodera-se da incrível história do seu antigo vizinho para fazer um filme.

De forma muito resumida, trata-se da história real de um atleta olímpico, Louis Zamperini, que, enquanto combate pelos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial, sofre um acidente de avião e cai no mar com mais dois colegas, onde permanecem mais de 40 dias. Um deles não resiste mas Zamperini e um dos seus colegas de guerra são resgatados pelos inimigos, que os levam para uma ilha onde havia um campo de prisioneiros.

Esta é não só uma história de resistência mas também de sobrevivência. Como tradicionalmente se diz, passamos o filme todo de “coração nas mãos” porque Louis está constantemente a passar por situações que comprometem a sua vida e consegue inacreditavelmente ultrapassar tudo. No naufrágio a jornada dele tinha apenas começado - o pior veio depois, nos vários campos de prisioneiros, em que viveu durante dois anos, torturado por japoneses.

O filme, para além de um relato biográfico da vida deste homem, mostra também as condições em que (sobre)viviam os homens nos campos, enfatizando que não era apenas um mas milhares, sendo que muitos morreram devido a essas más condições ou executados.

Após Hiroshima e Nagasaki, conseguiu libertar-se com o fim da guerra. Mas vem a outra parte, que é referida no filme apenas através de texto - o alcoolismo, a raiva, os traumas - no entanto, mais uma vez superou, apoiado na religião, e com 90 anos voltou a correr nos Jogos Olímpicos, tal como sempre sonhara.

Antes de ver este filme não conhecia este homem mas a partir do momento em que conheci a sua história, certamente não me esquecerei dele. Depois de ver o filme é inevitável fazer uma reflexão introspectiva de qual a nossa importância neste mundo e do valor que devemos dar à nossa vida, aos outros e ao que nos rodeia. Fiquei com muita vontade de ler o livro da sua biografia, escrita por Laura Hillebran. Zamperini morreu em 2014, aquando da realização do filme.

As primeiras duas fotografias mostram o próprio Zamperini. As restantes são retiradas de cenas do filme.

O Jogo de Imitação


Ontem fui ao cinema ver "O Jogo de Imitação", em inglês Imitation Game, nomeado para oito óscares. 

Alan Turing lidera um grupo de intelectuais com o objectivo de conseguirem decifrar o indecifrável código da Enigma, a máquina utilizada como meio de comunicação pelos alemães na Segunda Guerra Mundial. O problema é que o código tem 159 milhões de hipóteses diferentes todos os dias. Turing idealiza uma máquina, que, segundo ele conseguiria ler as mensagens dos alemães, que estudou rigorosamente, e começa a contrui-la praticamente sem apoio e com toda a gente a duvidar dele, até mesmo os próprios colegas

Persistiu e após vários anos conseguiu decifrar o código. O grupo de matemáticos e cientistas conseguia saber o que os alemães comunicavam uns com os outros diariamente. E, como disse Turing, surgia agora a parte mais difícil: decidir quem morria e quem vivia. Eles tinham nas mãos deles a responsabilidade de controlar ou não alguns ataques - se controlassem muitos, os alemães perceberiam que eles tinham decifrado o código, por isso optaram por controlar apenas alguns. Até ao fim da guerra, conseguiram salvar 14 milhões de pessoas.

Para além de tudo isto, o filme relata, em paralelo, o conflito que Alan viveu dentro de si desde jovem. Em 1952, as autoridades britânicas entram em casa deste herói de guerra acusando-o de atentado ao pudor por ser homossexual, o que na época era considerado um crime. Em vez de condenado a pena de prisão, obrigaram-no a tomar estrogénios, hormonas femininas, que o afectaram física e psicologicamente, levando-o a cometer o suicídio aos 41 anos. Quando as autoridades o incriminaram, mal sabiam que estavam a acabar com a vida do grande pioneiro da computação moderna.

É de destacar a impressionante persistência de Alan e a sua inteligência que se reflectiu numa enorme coragem. Desde muito novo ele era posto de parte pelos amigos à excepção de um, Christopher, por quem ele tinha uma grande admiração e que veio a morrer muito jovem. Mesmo sentindo-se sozinho, ele lutou pelo que acreditou, sem medo, e enfrentou pessoas hierarquicamente muito acima dele por acreditar que “às vezes são aqueles de quem ninguém espera nada que fazem as coisas menos esperadas”. O filme toca também em temas como a violência, enquanto acto de satisfação do qual posteriormente não se retira nada, e as relações entre os Homens.

Revi-me nalgumas das suas atitudes, principalmente no facto de se desafiar a ele próprio constantemente e de tentar ser sempre melhor que ele mesmo. Este filme é como uma bibliografia de um herói, um verdadeiro exemplo de Homem. Posso dizer que foi um dos melhores filmes que já vi.

Boyhood


O que me deu vontade de ir ver este filme foi a forma como Richard Linklater pegou num grupo de actores para filmar um só filme durante 12 anos. Os actores são sempre os mesmos ao longo dos 12 anos de gravações e é interessante ver, principalmente no protagonista, Mason, o seu crescimento, não só enquanto personagem mas também na sua vida real. Começa com 6 anos e vai até aos seus 18 anos, quando entra na faculdade. O filme retrata as dificuldades que o jovem passou, ao adaptar-se ao divórcio dos pais, mudanças de casa, escola, amigos e até mesmo de família.

O filme não tem propriamente momentos marcantes, com excepção da separação da mãe de Mason do seu segundo marido por violência doméstica. É bastante monótono e não há muitos momentos de verdadeira emoção, nem mesmo no fim. Por isso, este é um filme para o qual é precisa alguma “paciência”, tendo em conta que é um filme longo e calmo. Contudo, acho que essa foi uma intenção do realizador. Linklater quer enfatizar o processo de crescimento e a evolução, como acontece com um rapaz qualquer da nossa sociedade.

Tendo em conta que tenho a mesma idade que o protagonista, identifiquei-me com alguns pormenores que foram aparecendo ao longo do filme, como os jogos, por exemplo os Gameboy. Penso que este filme tem também, de certa forma, um carácter documental.

50 Regras de Ouro


Embora sejam "50 Regras de Ouro da Gestão", podem aplicar-se a muitas mais áreas, incluindo o design.

O Design Português já tem um site



Tudo o que merece relevância no universo do design nacional tem a partir de agora um espaço online organizado e atualizado: acabado de lançar, o website www.designportugues.pt ficará como uma das heranças do Ano do Design Português 2014/2015, iniciado em maio passado e a decorrer até final de setembro do próximo ano.

A criação de três prémios anuais (para design de Comunicação, de Produto e de Interiores), a edição de um livro com propostas de projetos para seis regiões do país e o lançamento do site figuram como as principais expressões deste Ano do Design, lançado pelo Ministério da Economia e pela Secretaria de Estado da Cultura com o intuito de “afirmar o design nacional como uma área-chave para o desenvolvimento de Portugal enquanto país inovador e contemporâneo”.

A iniciativa é comissariada por Guta Moura Guedes, que a destaca como “uma ocasião catalisadora de ações e projetos que ultrapassam o seu próprio período temporal”. Neste sentido, o novo site surge como “uma plataforma participativa que vai possibilitar um mapeamento do design português, dentro e fora do território nacional. Este mapeamento, que se pretende dinâmico na sua construção e integrador na sua amplitude, é um projeto em rede de promoção do design e dos designers portugueses e de construção de um arquivo e uma base de conhecimento catalisadora. Levará o seu tempo a estar terminado, e terá, dado o grande desenvolvimento da disciplina, de ser constantemente atualizado. Constitui-se, sem dúvida, como a primeira grande base de dados e grande montra do design nacional”.

Desenvolvido com base na imagem criada pelo designer gráfico Pedro Falcão para o Ano do Design Português, o novo site foi projetado e desenvolvido pela Escola Superior de Artes e Design de Matosinhos. Este espaço online, salienta a ESAD,  “é desenhado para se constituir, progressivamente, como o primeiro grande arquivo online do design nacional, nas suas várias vertentes e categorias. É um site que se inicia assumidamente numa versão work-in-progress, que irá evoluindo quer com a apresentação e registo das várias iniciativas programáticas, quer com a recolha de informação através de um dinâmico sistema de comunicação com a comunidade do design nacional”.

“Todos os designers, todas as empresas, todas as instituições e demais protagonistas do campo do design” são convidados a enviar os seus dados “para a criação de um vasto diretório de design pensado e/ou produzido em português”, conforme se pode ler no site. Da nossa parte, fica aqui a divulgação e, para finalizar, o mail que aqui importa: info@designportugues.pt.

Nobody tells this to beginners


by Saar Oz

O que um fotógrafo não gosta de ouvir


Quem trabalha em áreas ligadas à criatividade leva com doses diárias disto: ele é "desenrasque-me aí um textinho", um "depois envie-me uma dessas 1500 fotografias que tirou para eu usar no meu site" ou então pedidos angelicais para uma simples "ajudinha" para criar um logotipo da nova empresa, "coisa rápida que não dê muito trabalho". Por aqui sabemos perfeitamente o que isso faz ao sistema nervoso — e sabemos também que nada melhor que uma dose de humor para lidar com a situação. Foi isso que a ZeroUno, em parceria com a Picame Magazine, fez: depois de uma série de sucesso apelidada de "O que não dizer a um designer gráfico", os criativos desenharam uma colecção especialmente dedicada aos fotógrafos. São as "15 frases mais irritantes que um fotógrafo pode ouvir", e não são só pontapés na profissão dados por clientes: há frases que poderiam chegar de amigos, parentes ou namorados/as. Quem tem mais para adicionar à lista?

in Público

Retrato do Artista quando Jovem | James Joyce



Este é um livro que relata a evolução da forma de pensar de um rapaz, Stephen, começando na visão do mundo pelos seus olhos quando bebé – que se percebe através das histórias contadas, das onomatopeias e dos ensinamentos que lhe transmitiam –, até chegar a uma idade mais tenra. São retratados os pensamentos que passam pela cabeça do rapaz nas diferentes idades: enquanto criança, todos os porquês e a busca pela justificação e compreensão de tudo o que o rodeia e, já mais velho, os conflitos com os seus familiares e até mesmo o processo para se definir a nível religioso. A análise do ser humano, das suas alegrias, tristezas e fraquezas e a procura por todas estas respostas é feita quase obcessivamente. Quando regressa à escola, descobre-se como pecador, recordando-se do seu passo religioso e desespera por não conseguir mudar isso. Há medida que o tempo passa vai-se apercebendo que se tem de desprender dos dogmas, da família e de tudo o que o agarra aos sentimentos de desespero, medo e culpa. Desta forma, este jovem percebe que há perguntas que não são de resposta fácil e que muitas vezes a solução é descomplicar e ser livre para descobrir o mundo, mesmo que isso implique cometer erros e ser pecador. Ele segue uma vida própria e vai descobrir, “fora do lar e dos amigos, o que o coração é e o que ele sente”. É assim que se sente o amadurecimento deste jovem.

Este livro leva-me a pensar que por vezes devo libertar-me mais enquanto artista e não me prender ao que sempre ouvi e ao que sempre me disseram. Devo desprender-me da sociedade e ter a minha própria liberdade criativa e as minhas próprias ideias, sem medo de que as pessoas não gostem ou de estar a cometer um erro. Pois é a errar que se aprende, e não a pensar constantemente numa pergunta que, se não foi posta em prática, nunca terá uma resposta.

Espectáculo de Luzes | O Fabuloso Desejo de Natal


Em Agosto de 2013 fui ver um espectáculo de luzes ao Terreiro do Paço sobre a História de Portugal e fiquei fascinada. Desde então, vi todos os espectáculos deste género que lá têm feito. Em Dezembro, não foi excepção. O tema era os sonhos e os desejos de Natal. Gostei, mas, até hoje, nenhum me surpreendeu mais do que o primeiro que vi! Talvez por nenhuma das histórias não ser tão boa quanto a História de Portugal ou talvez porque não havia ninguém a narrar a história, apenas músicas impactantes, que me fizeram estar ainda mais atenta... Apesar de tudo, acho muito interessante a forma como estudam o Terreiro do Paço para criar cerca de sete minutos em que as pessoas ficam completamente envolvidas e agarradas às imagens em movimento. Ficam algumas fotografias do espectáculo de Dezembro.

Fotografias por Sofia Pêga

50 anos da Inapa


Em Dezembro participei num concurso para a criação do logotipo de celebração dos 50 anos da Inapa. Para minha surpresa, soube ontem que fui a vencedora! Após ser selecionada como uma das quatro melhores participações, nas quais ficaram participações da Suiça, Portugal e França, obtive 40% das votações de 675 colaboradores espalhados pelo mundo. Sinto-me muito feliz e é, sem dúvida, um grande incentivo para continuar a evoluir enquanto designer. Acho que não posso ficar indiferente a estas oportunidades! A proposta de logotipo que fiz inicialmente pode ser vista [aqui].

Preparação | Semiótica da Impressão Artesanal


ACT #04: Semiótica do Design de Comunicação

O primeiro passo para se começar a desenvolver um projecto é organizar as ideias e estabelecer um plano de trabalhos. Por isso, até à gravação do vídeo realizámos quatro reuniões, cada uma com objectivos e datas já estipuladas. A esta fase inicial demos o nome de PREPARAÇÃO.

1ª reunião - 17 de Dezembro
Noção de semiótica
Definição de impressão artesanal
Planeamento das próximas reuniões
Distribuição de tarefas

2ª reunião - 3 de Janeiro
Apresentação e organização das pesquisas mais aprofundadas realizadas sobre o tema (nomeadamente sobre os tipos de impressão artesanal)
Brainstorming de ideias para o vídeo

3ª reunião - 5 de Janeiro
Criação da sinopse/conceito
Definição de quais os materiais necessários, do local e data da gravação

4ª reunião - 8 de Janeiro
Ajuste de pormenores

Após estas reuniões, chegámos às respostas das perguntas base para passarmos à segunda fase – a REALIZAÇÃO.


ONDE? Casa da Sofia, no terraço

QUANDO? Sábado, 10 de Janeiro de 2014

COM O QUÊ? Os materiais necessários são os seguintes:
- papel de cenário, que servirá de suporte para a impressão com os carimbos
- acrílico preto/tinta da china
- batatas
- máquina de escrever
- papel a4, que servirá de suporte para a impressão com máquina de escrever
- cola
- molas
- máquina para filmar
- roupa preta

PORQUÊ/COMO?
A semiótica revela a forma como um ou vários indivíduos dão significado a tudo que o os rodeia, fugindo a um significado concreto e objetivo das coisas. Portanto, após percebermos o conceito de “impressão artesanal” e as suas variantes, decidimos tentar chegar a uma conclusão que fosse comum aos cinco. Ao partilhar a pesquisa realizada e a nossa experiência no trabalho do compêndio, foi visível que havia um aspeto que todos referiram: era algo moroso e trabalhoso, sem deixar de ser interessante, mas que nem sempre tinha bons resultados. E foi nesse “esforço muitas vezes sem resultado” que nos baseámos para o nosso conceito do vídeo. Decidimos então expor o trabalho e a dedicação que a impressão artesanal implica.

Uma folha de papel de cenário, tinta, um carimbo também feito artesanalmente. Serão estes os três objectos de partida.

Ao carimbar uma superfície plana lisa, continuamente, ao longo do dia, demonstraremos quão moroso é o processo de impressão artesanal. O decorrer do dia será notável com a mudança de luz, visto que será tudo filmado num terraço.

Não só o carimbo será usado, como também a máquina de escrever. Temos de experimentar. Experimentar vários processos. Sujar as mãos, sujar a roupa, ficar a cheirar a tinta. Mas ter sempre muito cuidado. As impressões feitas usando máquina de escrever, serão recortadas e coladas também no papel de cenário. 

Começa a ficar composto e duas palavras começam a surgir. Será que vai resultar? Será que vai ficar borrado ou ilegível?

Acabámos. Falta ver o resultado final. Afastamo-nos cada vez mais para ler as palavras que vão surgindo.

No fim, um twist de frustração.


Membros do grupo: Sofia Pêga, Joana Almeida, Joana Amoedo, Sara Jorge e Tiago Marinho.

Sinopse | A Laranja Mecânica


A arte consiste em fazer os outros sentir o que nós sentimos, em os libertar deles mesmos, propondo-lhes a nossa personalidade para especial libertação. _Fernando Pessoa

Ainda tenho um longo caminho a percorrer até conseguir chegar a uma definição de arte ou de liberdade ou de liberdade artística. Por esta razão, socorro-me daqueles que, após sucessivas reflexões chegaram às suas conclusões sobre estes temas que, por sua vez, me ajudarão neste processo de descoberta.

É em “Desassossego” que Fernando Pessoa, poeta e pensador, expõe a sua definição de arte, que pode ser um bom guião para a minha reflexão.

O que é que eu sinto? As palavras que vêm ao de cima na minha cabeça quando leio a primeira parte da frase são: processo, evolução, descoberta. Um caminho que no fim chegará a algo bom. É isso que eu sinto. E é isso que quero que os outros sintam também.

Um corredor extenso, cerca de 100 rectângulos pretos, uma frase, três palavras e um morango.

O primeiro rectângulo preto vai provocar perguntas em quem o vir – Porquê um rectângulo preto? O que vem a seguir? – exactamente o mesmo que senti no inicio do semestre e, por vezes, continuo a sentir. Em baixo do primeiro rectângulo começa a surgir a frase: “A arte…”. O segundo rectângulo surge e é preto também – Mas vão ser sempre só rectângulos pretos? A arte consiste… – e a pessoa continuará a caminhar para descobrir o que vem a seguir e para ler o resto da frase. Após uma sequência de cerca de 75 rectângulos pretos e quando a frase já está quase completa, começa a surgir, por detrás do rectângulo, ao longe, um ponto vermelho, muito pequeno – Finalmente alguma coisa! – que aumentará até ao último rectângulo preto até ter a forma e tamanho de um morango. Após o centésimo rectângulo haverá uma prateleira com um morango verdadeiro e, por cima, três palavras: processo, evolução, descoberta.

E porquê o morango? O morango é uma fruta que, apesar de se desenvolver numa planta rasteira e de pequeno porte, torna-se num dos frutos mais doces e saborosos do mundo.

Depois de todo o caminho percorrido, grande parte às escuras, sem saber o que vinha a seguir, começou a surgir algo e, no fim, descobre-se que é algo bom, saboroso, viciante e que se quer mais.

A arte consiste em fazer os outros sentir o que nós sentimos, em os libertar deles mesmos, propondo-lhes a nossa personalidade para especial libertação. _Fernando Pessoa

Je Suis Charlie

É inevitável não falar do assunto que mais se tem falado (e desenhado) nas últimas 24 horas. Enquanto estudante de artes, futura designer, cidadã e humana que sou, vi-me obrigada a reflectir sobre o que aconteceu. Neste momento estamos na Fase 3 do projecto “O Sabor da Laranja”, na qual tenho de fazer uma introspecção e pensar no que para mim é a liberdade artística. E este momento não se podia adequar mais a esta reflexão.

Ontem, dia 7 de Janeiro de 2014, houve um atentado contra um jornal satírico em Paris – Charlie Hebdo –, do qual resultaram 12 mortes. O motivo deste autêntico “massacre” – segundo os terroristas, porque na realidade nada justifica o que aconteceu – foi uns cartoons que, criticavam a forma como alguns homens, tão obcecados pela religião, cometem atrocidades. Ou seja, a crítica era mais propriamente direcionada a esses homens e não ao Deus em que acreditam. No entanto, esses homens não foram suficientemente Homens para entenderem isso e acharam inadmissível uma crítica ao Deus deles.

Estamos no século XXI e a liberdade de expressão é um direito, apesar de não ser assim em todos os países. França, tal como Portugal, é um país em que toda a gente pode expor a sua opinião. Estes cartoonistas não fizeram mais nada senão isso e, por isso mesmo, cartoonistas e artistas do mundo inteiro estão unidos nesta luta de defesa da liberdade artística e de expressão, da autonomia de pensamento e participação livre na sociedade.

É perturbante pensar que 12 pessoas morreram desta forma. Morreram em nome da Arte. Uma arte tão particular que era a delas: criticar com humor, fazer as pessoas rir em relação a algo que não tem graça. Parece que provocaram a própria morte… Mas não. Foram apenas artistas. E um grupo de homens que acredita num suposto Deus mataram estes artistas para defender uma suposta religião. E religião é matar? Desenhar é ser morto? Há tantas perguntas que me passam pela cabeça neste momento que dentro de mim a definição de liberdade ainda mais confusa se tornou. É por tudo isto que manifesto a minha tristeza e indignação, por existirem pessoas tão desumanas. E condeno totalmente este sangrento acontecimento.

Sinto que sou livre de me expressar – caso contrário não o estaria a fazer neste momento – e defendo que toda a gente o é. Mostrar o que sentimos através de um desenho, uma fotografia, um texto ou outra forma de arte e tocarmos os outros é algo que não só deve como TEM de ser um direito para cada pessoa. Tenho muita pena que alguns interpretem a Arte da pior forma possível, acabando com vidas da mesma forma que um artista amachuca um papel para fazer um novo desenho.

Pelos artistas, Je suis Charlie.