Foi exibido na RTP1 um documentário
sobre a ilha do Corvo, "É NA TERRA NÃO É NA LUA". Gonçalo Tocha e
Didio Pestana partem em 2007 para a ilha mais pequena do arquipélado dos
Açores, que ocupa uma superfície total de 17,13 km², com 6,5 km de comprimento por 4 km de largura. É habitada apenas
numa ponta da parte sul da ilha, tem entre 440 e 450 habitantes, uma
montanha vulcânica extinta - o Monte Gordo -, uma única estrada, uma Câmara
Municipal, apenas três voos a aterrar lá por semana, uma escola, um porto, uma
igreja, um restaurante, um posto médico, dois cafés e pouco mais.
O principal
objectivo era tentar ir a todos os poucos sítios a visitar e tentar registar
tudo, todas as pessoas, casas, ruas, serviços, animais, festas; para combater a
falta de registos, informação e memórias escritas desta ilha no meio do oceano
com 500 anos de história por reconstruir. À medida que entram na vida da ilha
começam a ser tratados como habitantes também, como membros daquela
pequena grande família. É como um diário de bordo. Este operador de câmara e
técnico de som tornam-se respigadores da ilha do Corvo.
Quando comecei a ver o
documentário, lembrei-me de imediato do projecto CityLab e do filme sobre o
bairro que temos de realizar. De certa forma, a única vila existente naquela
ilha é como se fosse um bairro, os habitantes vivem um ambiente bairrista. A forma como entram sem pressas e sem pressão na vida das pessoas é, de facto, inspiradora. Gonçalo Tocha e Didio Pestana deixaram as pessoas falar, como se a câmara não estivesse lá. Os registos dos
lugares, tal como no documentário "Ruínas" visto anteriormente, são
quase fotográficos. A forma como narram, a forma como querem estar "em todos os sítios ao mesmo tempo e não perder nada" é motivante.
À medida que a senhora vai costurando o gorro, o documentário vai sendo feito, ao longo de 3 anos. O gorro, a senhora, a lã, são como um fio condutor do filme, do príncipio ao fim. Vejo nele um verdadeiro exemplo de um bom documentário e retrato social.
Recomendo vivamente. O site oficial pode ver-se [aqui].
Assim, é quase impossível não ficar com
vontade de embarcar nesta viagem.
"Da ilha do Corvo também se vê a Lua. O Corvo é
na Terra, não é na Lua."
Sem comentários:
Enviar um comentário