A Festa de Babette
Totalmente
relacionado com o trabalho de grupo que nos foi proposto. Tínhamos de fazer um
jantar e perceber o seu sentido projectual: ir às compras, procurar os preços
mais baixos, cozinhar, pôr a mesa, servir o jantar, saborear e comentar.
A
Festa de Babette, em 1871, foi também um jantar. Babette era uma mulher
francesa que trabalhava como cozinheira na casa de duas solteiras na Noruega.
Lá viveu doze anos, até que um dia ganhou 10 mil francos na lotaria e decidiu
fazer um jantar. Todos os convidados ficaram de certo modo assustados por
estarem a aceitar ir a um jantar francês e, visto que eram tão religiosos, tinham
receio que estivessem a ir contra alguma lei divina. Combinaram, então, que
iriam ao jantar mas com uma condição: não poderiam falar acerca da comida
francesa que seria servida.
Ao
longo do filme, é possível ver todo o processo até à degustação do jantar.
Babette vai às compras e tenta sempre negociar o preço do que está a comprar, o
que se verifica quando está a comprar o peixe. Outra relação que posso
estabelecer com o nosso projecto é, mais uma vez, a quantidade de animais
mortos que vemos do filme: desde as codornizes, passando pela cabeça de vaca,
até à tartaruga que é depois usada para fazer sopa, que me faz recordar a
representação do pato morto. Babette prepara os animais e cozinha-os, faz
bolos, a sopa, emprata tudo, corta os queijos.
Não
pude deixar de reparar no cuidado que Babette teve ao passar a toalha a ferro,
para tirar os vincos e ficar tudo impecável. A mesa não podia estar mais completa,
tinha talheres de entrada, peixe, carne e sobremesa, uma taça com a sopa, o prato
de entrada, de sobremesa e o prato principal (todos de porcelana branca com
apontamentos em azul) e três copos por pessoa, aparentemente de cristal. Os
guardanapos estavam cuidadosamente dobrados e a iluminar o centro da mesa estavam
dois castiçais com velas.
Tal
como é tradicional na cozinha francesa, os pratos são servidos um de cada vez.
Começou-se pela sopa de tartaruga acompanhada de um vinho. Depois das entradas,
um champahne de 1860, que foi muito apreciado pelo General francês que estava
também presente no jantar, já que os restantes convidados tinham combinado não
comentar a comida. A seguir às codornizes assadas no forno em massa folhada, o
prato principal, foram servidos os queijos, as sobremesas doces e as frutas
(das quais o General achou muito bonitas
as uvas). Depois do café, um champanhe para terminar.
Quando
Babette revela as senhoras da casa onde trabalhavam que tinha gasto todo o
dinheiro no jantar que lhes ofereceu, elas ficaram, de certa forma, chocadas e
disseram-lhe que agora seria pobre para sempre. Babette respondeu “uma artista
nunca é pobre”.
A
culinária, para além de um projecto, é apresentada, ao longo do filme, como uma
arte, enquanto combinação de sentidos e enquanto acto de criação para ser, posteriormente,
apreciada por outros.
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