My Blueberry Nights


ACT #01: O Sabor do Amor


My Blueberry Nights, realizado em 2007 por Wong War, é um filme que evidencia essencialmente os problemas que podem haver nos relacionamentos amorosos na vida de uma pessoa. O seu elenco inclui actores como Norah Jones - que se estreou no cinema - Jude Law e Natalie Portman.

O filme retrata a história de uma rapariga, Elizabeth (Lizzie), que pretende encontrar o seu namorado e, por isso liga para o Café Klyuch, para saber se ele lá estivera e com quem. Quem lhe atende o telefone é Jeremy, o dono do café, que identifica as pessoas através dos pratos que habitualmente pedem. É, então, essa a informação que ele pede a Lizzie - qual o prato que o namorado dela pedira. Ela descobre que o namorado a traiu - facto que foi testemunhado por Jeremy - e desloca-se ao restaurante para lá deixar as suas chaves (que se juntam a muitas mais que o rapaz já coleccionara no seu estabelecimento), no caso do seu ex-namorado as querer de volta.

Apartir daí, Lizzie e Jeremy começam a encontrar-se mais vezes no café e falam sobre relações, frustrados e desencantados, enquanto comem blueberry pie (tarde de mirtilo), aquela que nunca ninguém comia e era rejeitada todas as noites pelos clientes do restaurante ("There's always a whole blueberry pie left, untouched"), tal como ela foi pelo seu namorado.

Os dois assistem à gravação da traição de Elizabeth, o que a faz decidir sair da cidade e embarcar numa viagem inesquecível pela América, à procura do seu verdadeiro amor, após ter ficado desolada com o anterior.

A jovem começa a trabalhar em restaurantes e bares, de dia e de noite. Com o passar do tempo, as feridas emocionais causadas pela perda do seu antigo amor, começaram a desaparecer, com a ajuda de pessoas que Lizzie vai conhecendo ao longo da viagem. Entre elas: Leslie, que é viciada em jogar poker (culpando o pai por isso) e garante que sabe “ler” o rosto das pessoas; e Arnie, um policia que se tornou alcoólico porque a sua mulher, Sue Lynne, o deixou. Elizabeth assiste a esta separação. Todos estes indivíduos mudam a forma como Elizabeth via a sua vida e os seus relacionamentos, porque todas as pessoas que ela conhece, após uma relação falhada, se refugiavam em vícios. É, por isso que esta viagem redefine, acima de tudo, a sua própria identidade ("Sometimes we depend on other people as a mirror. To define us and let us see who we truely are. And each reflection lets me like myself a little more…").

Durante toda a viagem, troca postais com Jeremy - onde são expostas as suas reflexões acerca do que se passa à sua volta e com ela mesma, contribuindo para o seu amadurecimento - e não deixa de comer a blueberry pie, que dá nome ao filme. E é assim, ao apagar o passado da sua vida, que Lizzie se aproxima cada vez mais do seu verdadeiro amor.

Elizabeth volta a Klyuch e tanto ela como Jeremy reconhecem as mudanças que se sucederam ao longo daquele tempo. Para concluir, Jeremy livra-se das chaves e Elizabeth da dor que sentia. Beijam-se.

Vendo o filme de outro ponto de vista, consigo estabelecer uma relação entre a sua história e o Design de Comunicação e o projecto que temos vindo a desenvolver - O Sabor da Laranja. Primeiramente, o título do filme em português “O Sabor do Amor”, relaciona-se, desde logo, com o título do nosso projecto.

Em segundo lugar, a necessidade que Lizzie sentiu em sair da sua zona de conforto, da sua cidade, para ir à procura de algo que lhe trouxesse verdadeiramente um ensinamento, faz-me lembrar a nossa primeira Prova de Contacto com a laranja, em que tentei esquecer o facto de conhecer a laranja, para a sentir como se não soubesse de que se tratava, aprendendo realmente o que era esta fruta.

Por outro lado, associo os períodos do filme que transmitiam a visão natural das personagens e os movimentos entrecortados, desfocados e lentos, com a forma como me senti a observar, tatear, cheirar e saborear a laranja, lenta e atentamente, bem como a forma como ela degusta a tarte de mirtilo, que ninguém queria comer.

Ainda como comparação, o trilho que Lizzie faz ao longo do filme, será, de certa forma, aquele que eu farei em Design, pois terei de por de parte os meu vícios, abrir a minha mente, conhecer novos mundos e falar com novas pessoas. Apesar de Jeremy se livrar das chaves, elas representam a abertura de uma nova porta - o futuro - tal como eu, que deixei o passado para trás. Todas as etapas como meio para chegar a um fim que a aventura de Lizzie me sugere, é uma analogia ao processo até ao projecto final de “O Sabor da Laranja” (a título exemplificativo: a pesquisa, a representação da laranja e as experiências sensoriais).

Concluo que, apesar de ser um filme diferente, no que diz respeito à sua dinâmica e realização, trata de um tema interessante de forma súbtil, que me levou a estabelecer uma comparação com o Design e o nosso projecto.

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