Já me sentia suficientemente à vontade com
a laranja e, por isso, estava na altura de aprender a descascá-la. E o que era
este acto de descascar? Apenas tirar a casca? Ou pode ir muito mais para além
disso? Pois bem, foi tudo isso que fiquei a saber nesta aula de contacto
especial.
A actividade foi introduzida com uma frase
que me ficou especialmente na cabeça: “A
laranja é um objecto quase perfeito”.
Na altura pensei “mas é só uma laranja…” e aí estava a parte incrível: mesmo
sendo “só uma laranja”, tinha muito mais para descobrir do que aquilo que eu
achava. Muito mais mistérios que não eram possíveis de desvendar apenas
tacteando, saboreando, ouvindo ou cheirando a laranja no seu estado mais
natural.
Memorizei a frase desde início, mas após a
justificação da mesma, tornou-se mesmo impossível esquecê-la. Para começar, a
laranja é um produto da natureza feito à escala da nossa mão; por outro lado, é
um contentor, visto que dentro de toda a sua casca existe um fruto “embalado”;
e, por último, este fruto pode ser saboreado de formas variadas, para além de
na sua forma natural.
Se optarmos por comer a laranja,
acabadinha de apanhar de uma laranjeira, podemos usar as unhas para a descascar
ou, de forma mais metódica, utilizar uma faca, de preferência de lâmina lisa - para
que não se libertem os óleos essenciais da laranja contidos na sua casca, que,
por sua vez, em contacto com o gás podem criar chama, tal como a professora
Cândida exemplificou. Temos, então, duas formas que são mais aconselhadas para a descascar. A
primeira consiste em cortar a parte superior e a parte inferior e, depois,
fazer cortes na vertical (cerca de seis ou sete), ao longo da casca da laranja.
Após haver cortes em toda a superfície, podemos facilmente removê-los - está
pronta a comer! A outra opção que nos foi proposta foi, utilizando, mais uma
vez, a faca, ir cortando desde o topo, rodando a laranja, de forma a acabar na
parte de baixo da fruta. No fim, a casca removida seria uma tira grande e a
laranja estaria perfeita para ser saboreada.
Contudo, como já disse, a laranja pode não
ser comida! Pode ter outras utilizações, entre as quais: ser um ingrediente de
um bolo, ser aproveitada para fazer um sumo e a sua casca pode ser usada para
fazer chá (se for cortada com um descascador) ou para enfeitar pratos (ao ser
ralada).
Para percebermos de que forma vamos
descascar a laranja temos, antes de mais, de responder a duas perguntas
essenciais: “Porque tenho de descascar a laranja?” (a motivação) e “Para que é
que tenho de desligar a laranja?” (a finalidade) - perguntas essas que nos
levam à resposta do “Como?”. Esta
situação pode ser considerada uma metáfora de todas as vezes em que um designer
se depara com um problema que tem de resolver ou um projecto que tem de fazer,
o que também achei interessante.
Como conclusão, após experimentar
descascar a laranja, senti que não era algo muito agradável, devido a todo o
sumo que era libertado e pela forma como as minhas mãos ficaram peganhentas.
Contudo, creio que se se tratar de uma laranja doce valerá sempre a pena. Caso
não queira mesmo descascá-la, posso, tal como a professora Suzana Parreira
sugeriu, pedir a alguém que me descasque. “Seria uma prova de amor”.
Fotografias por Sofia Pêga
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