Filme | A Garagem



Após o visionamento de outros filmes que nos serviram como referência, o conceito criado e as possibilidades ponderadas, definimos o modo como iriamos filmar todas as cenas e posteriormente editá-las. Visto querermos explorar ao máximo a garagem e o Senhor Armindo, optámos por fazer bastantes planos parados, de longe e de perto, de várias perspectivas (até mesmo da vista que o Aqueduto nos permite), dentro e fora da garagem, para que se pudesse viver todo aquele ambiente, como se o espectador estivesse presente, estivesse lá. O filme é também uma metáfora da nossa relação com o Senhor Armindo. Inicialmente não se ouve o Senhor Armindo falar, nós apenas estamos à coca, a filmá-lo, muitas vezes às escondidas. Só mais tarde é que o Senhor Armindo começa a ter confiança em nós, conta-nos as histórias de alguns objectos. Em relação ao carrinho de mão, quando ele aparece, somos de imediato transportados para o sítio de onde ele veio - a horta do Senhor José João - e o mesmo acontece com a chávena - para o café. Vamos "viajando" ao longo do tempo, recuando e avançando, vemos a garagem aberta, depois fechada e novamente aberta, tal como acontece ao longo do dia e, por outro lado, podemos também perceber essa evolução do tempo com as mudanças que ocorrem na horta. A imagem do interior do Aqueduto remete-nos para o sentido "sugador" que já atribuímos à garagem, várias vezes anteriormente. São 35 minutos de exploração intensa da garagem. Poucas são as partes que foram verdadeiramente encenadas. A câmara era quase como outro objecto da garagem, para que fosse tão insignificante que não incomodasse o Senhor Armindo nem atrapalhasse o seu trabalho. Ela, tal como nós, apenas presenciou a vivacidade da garagem no seu dia-a dia e dos objectos que lá habitam, carregados de simbolismo e passado.

A sinopse do filme pode ler-se [aqui].

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