Japão a Cru


Como estava escrito no início da exposição, “JAPÃO A CRU permite conhecer a cultura e as tradições japonesas, mostrando também o que a criatividade e o engenho humanos conseguem alcançar”. Após ver toda a exposição posso confirmar esta afirmação. Num cenário cru e simples, no MUDE, pude ver peças de vestuário, utensílios, brinquedos, móveis e ferramentas produzidos por camponeses e pescadores humildes, com poucos recursos financeiros.

Sem medo de mostrar as costuras, o vestuário era todo feito de vários tecidos bastantes grossos que tinham sido unidos. Boro, o farrapo. Foi-me transmitida uma mensagem que estava intrínseca àqueles objectos: a reutilização, reciclagem e transformação que leva ao trabalho artístico e que, por outro lado, pode ser útil. Por outro lado, a analogia que fazem destes têxteis aos dias de hoje, embora tenham sido descobertos nos últimos vinte anos e sejam pouco conhecidos no design, nomeadamente no design de moda. De um ponto de vista histórico, São comparadas as sobreposições e junções de pedaços de tecido à efemeridade do tempo, constituído por diferentes “camadas de história” algumas que são visíveis e outras que estão escondidas ou parcialmente ocultas.

Os objectos em alumínio não podiam ser mais simples, no entanto, era notável a delicadeza com que foram produzidos e a preocupação pela apreciação da essência das coisas. Achei especialmente interessante o secador, que também se assemelha aos que usamos hoje em dia e os inúmeros bules com várias formas e feitios suspensos.

Foi, portanto, uma exposição que me fez recordar a Fase 2 do projecto “O Sabor da Laranja” - a criação do compêndio - devido a todo o trabalho manual que envolve.



Fotografias por Sofia Pêga

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